Amor é quando você sente ciúmes das pessoas sendo simpáticas com quem você gosta, amor é aquela raiva que dá quando a pessoa demora pra te responder no whats ou quando tá online e não fala com você, amor é quando a gente vê um casal de velhinhos na rua e se imagina assim daqui a alguns anos com alguém, amor é quando tu briga com a pessoa mas a raiva passa porque o que fica é a vontade de estar perto, de abraçar, beijar. Amor é quando você vê algo engraçado e salva para mostrar pra pessoa depois, amor é quando você sente saudade da pessoa apesar de ter ficado pouco tempo sem falar com ela, amor é quando tu vicia na foto da pessoa, amor é preocupação, é conversa, é riso de coisas idiotas, e se você pensou em alguém enquanto lê esse texto é porque você ta amando essa pessoa.
Danúbia Almeida
segunda-feira, 10 de junho de 2019
Quando é amor
domingo, 9 de junho de 2019
Eu sei, mas não devia...
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.
Desde quando, gostar de alguém, se tornou tosco?
Eu tô cansada desse tipo de relação “se eu não falar com você, não nos falamos mais”. Sei lá, quando eu tava na quarta série era super cool demonstrar o carinho que você sentia pelas melhores amigas com bilhetinhos no meio da aula e doações esporádicas de canetas de glitter (isso só pras melhores amigas ever), hahaha. Acho que na quinta-série devo ter passado o ano todo planejando como dizer pro guri que eu curtia o QUANTO eu curtia ele. Agora tudo que faço é planejar táticas pro cara que eu gosto não perceber que eu gosto dele tanto assim – pelo menos antes de ele demonstrar primeiro. Desde quando gostar de alguém se tornou tosco?
O cara mandou mensagem? Demora o dobro de minutos que ele demorou pra responder de volta. Chamar a pessoa pra ver um filme em casa? Jamais. É demonstrar muuuuuuito interesse. E aí segue a competição pra ver quem é o mais desinteressado da relação – esse sim é o fodão, o que precisa menos do outro. Não é fodão ser desinteressado, é chato. É chato porque a gente perde de viver um monte de coisa legal pra entrar nesse jogo bocó. Perde os fins de semana que poderíamos estar na praia recebendo massagem nas costas da criatura amada após tomar um belo pote de açaí, mas não. Preferimos ficar trancafiados em nossos apartamentos esperando o ser humano mandar a primeira mensagem, mas ele não manda porque tá esperando que você faça o mesmo, e no fim vocês acabam saindo separados, cada um pra uma balada onde o drink custa 50 reais (você poderia comer 5 açaís na praia com esse dinheiro) e depois passam no drive thru do Mc Donald’s pra curar as mágoas com sódio e carboidrato. Chato.
Relações superficiais são toscas, mas nós nunca demos tanta força pra elas. Nós ajudamos todos os dias a propagar a cultura do desinteresse quando demoramos 5 minutinhos pra visualizar a mensagem no whatsapp pra pessoa não achar que você é um desesperado. Ou seja, estamos cada dia mais fúteis e entediantes. Aqui vai meu voto pra todo mundo voltar a mandar bilhetinhos fofos pros melhores amigos, chamar a pessoa que você curte pra sair e falar mais coisas bonitas pras pessoas que você gosta. E um brinde ao amor!
domingo, 8 de julho de 2012
Nós nos amamos.
terça-feira, 3 de julho de 2012
Somos todos ferramentas?
Sei de todos os meus atributos, mas cheguei numa fase onde, tudo o que eu sei, e tudo o que ainda posso alcançar, faz com que eu seja colocada na posição de "stand-by". Será que, se eu ficar à vontade para criar, serei a responsável pela 3ª Guerra Mundial?
Se eu quiser ter uma ideia boa, que vai fazer com que eu me sobressaia, ouço: "você é só uma funcionária, não pode atuar nessa área." Se eu tiver uma mega-ultra-fodástica ideia, ouço: isso nunca daria certo! E logo, logo, vejo meu projeto sendo posto em prática com outros nomes e, principalmente, outro autor.
Interessante, é que, quando é conveniente, eu sou "muito mais que só uma funcionária". Hoje fui condenada (sim, condenada, porque a trabalho sujo é uma condenação) a dar um telefonema pra uma companheira de profissão para dar um esporro, do tipo:
-Porque você não fez a sua parte? Se você não faz sua parte, não faço a minha.
Engraçado, não posso atuar nessa área, porque sou só uma funcionária, não sou chefe. Mas ninguém quer fazer o papel de bruxa-má.
Nesse caso, a "só funcionária" pode dar um "esporro" na colega de trabalho, pra depois a chefe arrematar: - Não se aborreça, minha funcionária é estressada, vem comigo e da próxima vez você me ajuda, tá?
Aí me recai a questão: Somos todos ferramentas nas mãos dos profissionais?